terça-feira, 2 de agosto de 2016

dispersão



O esperado da minha parte era um pedido de desculpas (bem tosco) e um sorriso acanhado, depois das desculpas aceitas você me abraçaria ou me daria um soco, como o pagamento justo por todas as merdas que fiz. Eu iria embora satisfeito por saber que não sou uma pessoa má, teria a certeza que toda agitação e grosseria era só o medo de você saber o óbvio, que eu faria qualquer coisa pra ficar mais perto de você, que morro de vontade de ir te visitar no teu bairro e sempre lembro de quando você combinava a caminhada até o metrô no final do dia.
Queria ter ido embora há onze dias, mas seria como sair da cama às 4:00 da madruga no inverno. A gente sabe que ameaça cair um temporal de pedras pontudas que cortam tudo, destroem cabeças. Eu to tentando construir algum abrigo improvisado, porque acho que não suportaria ver você machucada debaixo dessas pedras atiradas pelo céu cinza.
Você pode até dispensar e achar inútil minha tentativa desesperada, eu sei que é meio ridículo isso tudo. Esses dias fez um ano que uma chuva feito essa caiu e me cortou todo, até raspei a cabeça por causa dos cortes e tive que ficar em casa sem sair até tudo começar a cicatrizar.  
Faz onze dias que o vento sopra forte tentando meter medo na gente.
Eu juro que assim que o céu abrir eu vou embora morrendo de vontade de ficar.