MEU rosto de juvenil quando, eu concentrado, vejo a língua dela tocando os dentes enquanto ela pronuncia o "S", toda a importância das coisas que são de fato importantes como: um emprego, um aluguel barato, deus, o caos, a família, o brasileirão, o cigarro antes de dormir ... enfim, coisa de gente séria como eu, acabam em nada.
-ESSAS COISAS VIRAM NADA OU QUASE NADA QUANDO: a língua dela toca devagar os (grandes e pouco tortos) para a pronúncia do "S".
É uma imagem, um flash que me pinica por umas meia horinha enquanto tamo conversando.
Depois dessa pausa no mundo eu olho o olho, o cabelo, o ombro, os braços, as sardas e finjo como um monólito rude e sujo de terra, finjo como quem que olha o vazio da praça, como quem vê uma bunda qualquer, como quem houve um barulho do nada e vira o pescoço pra ver o que foi, finjo como se estivesse odiando estar ali... e os dentes, língua e o som do "S" dos diabos na minha frente.
Eu tenho uma destreza/aspereza natural por saber passar por pessoas/tempos como esses, os tais são bichos de força que morde(m) e mata(m)... e eu já sei do risco menina.
DELA, o olho(S) e a língua se vestem de bêbados felizes me tentando à festa, digo "olho" (sing.) porque só basta um pra eu perder uns 9 ou vinte segundos mirando e franzindo testa num estado de ingenuidade que não é o meu natural.
Propositalmente à tarde, eu "me deixo" se perder olhando sardas, boca, olho, língua, ombro, (volto) sardas, língua, olho, dentes tortos ..., é um salto num colchão de estrelas onde se P O D E P A U S A R os riscos e os males enquanto a vida corre.
TEMO pelo meu equilíbrio de fingidor acerca da boca, lingua, dente, ÉSSES, sardas e cabelos, pelo meu controle das rédias das coisas que aumentam, temo que o caldo engrosse pro meu lado.
REZO pra Mayakovski me dar a sabedoria das loucuras do "ser todo coração" porque quero sair vivo no final.

...eu olhei para cima, para a massa de sinais e estrelas no céu noturno e me permiti abrir pela primeira vez à benigna indiferença do mundo. E achá-lo tão parecido comigo, de fato tão fraternal, eu percebi que eu havia sido feliz e que ainda era feliz. Para a consumação final e para me sentir menos solitário, meu último desejo era que houvesse uma multidão de espectadores na minha execução e que eles me cumprimentassem com gritos de ódio." ( O Estrangeiro - Albert Camus)